quinta-feira, 19 de agosto de 2010

Assíntota

Carta escrita para o Dia dos Pais de 2009, época de minha breve estada em São Paulo capital.


''Sei que você nunca vai ler isso aqui, mas tinha que fazer essa homenagem, mesmo que seu dia tenha sido domingo. Oficialmente, porque, na realidade, pra mim todos os dias são seus. Se existe o homem da minha vida, é você, pai! Meu herói, meu lindão, meu irônico, meu exemplo, meu professor, meu mestre, meu tudão TUDÃO mesmo. Sei que nunca fui 'o' exemplo de filho (principalmente por ser mais velho), mas tudo o que fiz, além das generosas doses de ingenuidade, foi apenas pra chamar sua atenção. Raramente falhei, embora mais raramente ainda acertei, mas você sempre me olhava com ternura, me mostrava como seguir, nunca me fez desistir, mesmo sabendo, por toda a sua experiência, que aquilo provavelmente não daria certo. Nunca me faltou seu apoio, nem mesmo a 200 quilômetros de distância, sempre me dando forças e me fazendo seguir adiante. Só de escutar sua voz, papai, me sinto mais forte. Talvez tenha errado muito na vida pra tentar te surpreender, quiçá te superar, mas, à essa altura, percebo ser impossível: não conheço ninguém mais perfeito que você, pai. Eu queria poder escrever tanta coisa, mas você faz tudo parecer pequeno, e nada parece chegar aos seus pés, nada parece digno de tudo o que você me representa. Sinto falta do seu café, das suas piadinhas, de ficar doente e - mesmo não sendo mais criancinha - você cuidando de mim. Talvez a sua falta seja a que eu mais tenha sentido até agora, e sempre quando a gente se revê não consigo reabastecer, dentro do meu coração, o combustível do seu amor, que sei, é infinito, e torna assim as coisas mais difíceis. Não consegui me despedir direito, hoje, e fico lembrando do seu assobio, minha olhada rápida pra trás, e sua mão direita, no alto, como se me dissesse 'estou logo atrás de você'. Pai, você é a única coisa que eu amo de verdade na minha vida, minha única certeza, meu porto seguro, minha alegria, reduto de confiança, minha paz, meu amor, reitero, meu tudo. Eu te amo demais, o amor mais sincero de todos. Gosto de sentir que está aqui, do meu lado, sorrindo pra mim... eu sinto sua falta, sinto vontade de te abraçar todas as manhãs, como sempre foi... é ruim crescer, ainda mais longe de você...

Só quero dizer que amo você, pra sempre. Então, te amo, Pai!''


Achei tudo a ver postar isso, por estes dias... Tudo vai mudar...

sábado, 31 de julho de 2010

Soneto da Desilusão

''Pra que sorrir, oh! vida ingrata?
Se tudo, em nós, se apequena.
Trabalhas sempre, e pra sempre penas;
se algo entra, outro empata.

Fazer-me-ia um homem melhor
se pudesses tu me agigantar.
Pois se pra sorrir, há dantes chorar
e não aguento, me sinto pior.

Mesmo quando mais inconsolável for,
prometa-me carinho jamais dado.
Permita-me que morra de amor.

Pois sabes o quão castigado estou,
outorgado do prazer que me foi confiado.
Flagelo de vida! Em baixa, me vou''


terça-feira, 13 de julho de 2010

Hoje, acordou e nem o sol resolveu sorrir pra ele. Claro, querias. Obviamente, nada seria a mesma coisa, onde estava com a cabeça quando imaginou que tudo seria igual? Se nada mais te faz rir ou chorar, é tudo o igual, tudo paradoxal, é tudo a mesma coisa e não. Aglutinados, sentimentos desesperados, singelos e complexos caminham de mãos dadas em sua cabeça, e seu dia nem havia começado.
Relógio marca 8h45. Uma pensada rápida fez decidir: não iria trabalhar hoje. Afinal, não era mesmo um dia normal, feliz, então por que deveria se estressar? Pensou em coisas simples e palpáveis, cigarros e um 12 anos, só para passar a manhã, pelo menos. Depois do almoço, pensaria melhor no que fazer do resto de seu dia. E saiu, de pijamas mesmo, maltrapilho e com rumo definido: a primeira padoca que encontrasse, e o destino que lhe arrumasse um outro destino adelante.
Nem foi de moto pra ter mais tempo de pensar nas coisas que se sucederam neste fim de semana. Quanta coisa sem pé nem cabeça, e não havia nem sido sensivel. Pensou nas palavras que disse, nas que queria dizer e que ele mesmo havia atropelado. Deveras ignorante, grosseiro e tosco, tudo na mesmíssima proporção, tudo feito com maestria, e nem pra perceber o que estava fazendo. Ele apenas fez - talvez sem querer, infantilmente - e colheu os louros de tudo, por todos. Com uma carteira e um isqueiro na mão, um copo de whisky na outra, começou a se lembrar de cada passo em falso que deu, sem perceber que estava enforcando a si mesmo. Se a amava tanto assim, porque este rompante de Augusto Matraga? Justo ele, que sempre fora tão sensível aos sentimentos alheios, não conseguiu se segurar com a pessoa a qual ele mais ama na vida, a mais importante? E começou a pensar nos porquês...
Passadas quase 5 horas, o dono da padaria lhe perguntou se os 5 copos e as 2 carteiras já não eram o suficiente. Óbvio que só queria saber se o jovem o pagaria, e foi isso que o jovem fez. Com ressalvas: que lhe desse mais um copo e outra carteira, pra poder pensar mais um pouco. Não chegou à conclusão alguma, somente entendeu que fez burradas suficientes pra uma vida inteira, e que se ela o perdoasse - nem ele se perdoou totalmente -, juraria que, dali pra frente, as coisas mudariam pra melhor. ''O que quero da vida, afinal?'' - ele se perguntava, e somente o rosto angelical, belo e colossal de sua amada lhe vinha em mente. Antes de sair de casa, ele já sabia o que faria.
- Outro copo e outra carteira, portuga! - Afinal, já que sentia nojo de si mesmo de tal maneira, era melhor que estivesse bêbado pra aguentar as agruras do seu coração.



''O amor romântico é como um traje, que, como não é eterno, dura tanto quanto dura; e, em breve, sob a veste do ideal que formámos, que se esfacela, surge o corpo real da pessoa humana, em que o vestimos. O amor romântico, portanto, é um caminho de desilusão. Só o não é quando a desilusão, aceite desde o príncipio, decide variar de ideal constantemente, tecer constantemente, nas oficinas da alma, novos trajes, com que constantemente se renove o aspecto da criatura, por eles vestida.'' Fernando Pessoa

domingo, 23 de maio de 2010

Animal Planet de volta!

Bom, tô aqui só pra confirmar que, como todos já sabiam, ANIMAL PLANET não acabou, muito pelo contrário: EVOLUÍMOS! Primeiro ensaio hoje, depois de 8 longos meses, muita coisa aconteceu, para o bem e para o mal, e cá estamos novamente, depois de juntadas as pedras estamos tentando reconstruir nosso castelo. E acho que vamos conseguir, com força de vocês, sempre! O ensaio de hoje de manhã foi como eu esperava: nós, desentrosadinhos, falta de ritmo, baixista novo precisando pegar o time da banda e pa, mas vamos indo! Quem lutou pra que tudo desse errado, me desculpem a expressão, mas se fodeu! Vai dar tudo certo, eu sei que vai! Vou copiar a brilhante frase que o @xmarinhoox postou no fotolog, hoje: Nova formação. Nova conduta. Novos pensamentos. Novas músicas.

Pensaram que iam ficar sem a gente, né? Perdeu prêibói UHAOHUAHUIHUIAIUOAOUIOA

amo vcs! ;*

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- Animal Planet vai participar do II Valentine's Rock Fest, dia 05/06/2010 (Sábadão de FERIADO!!), que vai rolar na Chácara da Piscina Redonda, no bairro Cidade Industrial, em Lorena! O ingresso antecipado sai por 10$, e na hora vai estar 15$, e o fest começa às 14 horas! Cerveja lata por 1$ e Hi-Fi NA FAIXA!!
E ver o retorno da MELHOR BANDA DE ROCK ALTERNATIVO de Lorena não tem preço né, galera? Nova formação, nova conduta, novos pensamentos, novas músicas, num fest fódasso! Tem certeza de que quer perder? ;)

Para mais informações:

-> Comunidade Animal Planet no Orkut:

- http://www.orkut.com.br/Main#Community?cmm=28574374

-> Fotolog:

- www.fotolog.com/animalplanetrock

-> Ouça as músicas em:

- www.purevolume.com/animalplanet

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Resenha - Tempos Modernos

CHAPLIN, Charles. Modern Times – Tempos Modernos. EUA: P&B, 1986. 87min.

Charlie Chaplin foi, sem sombra de dúvidas, soberano em sua época, e tão soberando que ultrapassou os limites de sua existência, permeando até os dias de hoje seu arcabouço entre todos os amantes do bom cinema, da boa comédia, enfim: da arte como deve ser. Portanto, seria fácil fazer qualquer comentário que fosse sobre essa personalidade, mas fica também com uma aparência menor todo o tipo de elogio que tecemos a esse gigante das artes da história.

Tempos Modernos (''Modern Times'') pode ser visto como seu filme mais influente, até os dias de hoje. Objeto de estudo em faculdades, no Ensino Médio e às vezes até no Ensino Fundamental, Tempos Modernos explica (claro que satiricamente) as mudanças que ocorreram na Europa – no caso, na Inglaterra – após a Revolução Industrial. Fábricas, fabriquetas, poluição, aumento da violência, greves, fome, desigualdade, tudo mais latente num cenário novo para as pessoas, retratados com muito bom humor e inteligência por Carlitos, que 'canoniza' sua maior criação, 'O Vagabundo' ('The Tramp): o andarilho pobretão que possui todas as maneiras refinadas e a dignidade de um cavalheiro (gentleman), usando um fraque preto esgarçado, calças e sapatos desgastados e mais largos que o seu número, um chapéu-coco ou cartola, uma bengala de bambu e - sua marca pessoal - um pequeno bigode-de-broxa.

Nesse filme, Carlitos tenta mostrar o efeito que a modernização traz para as pessoas. A busca incessante pelo lucro, criticada de forma irônica por Carlitos, onde mostra que o operário acaba fazendo movimentos repetitivos sem entender o que está fazendo, ou quando está no banheiro acendendo um cigarro, depois de ter acabado de sair pro almoço, e seu chefe aparece numa grande tela, gritando ''Hey! Go back to work!'' (''Ei! Volte ao trabalho!'') Ou seja, o 'tempo é dinheiro' em sua forma mais arcaica.

Ao final de sua 'estadia' no hospício, local onde foi levado depois de ter um colapso nervoso, volta para a cidade e descobre que sua antiga fábrica está fechada. Nesse tempo, surge na história a mocinha do filme, uma jovem órfã de mãe, com um pai desempregado e com duas irmãs pequenas, que faz com que ela tenha que realizar pequenos furtos para sobreviver. Seu pai morre, e agentes do governo vão buscá-las para a adoção, mas ela consegue fugir.

Enquanto isso, Carlitos é só azar, e acaba sendo preso como líder de uma greve de trabalhadores. Uma das partes que mais chamam nossa atenção acontece nesta fase: Carlitos, na prisão, recebe um belo tratamento, e quando é liberado, resolve que deve fazer de tudo para continuar preso. A grande sacada do filme talvez esteja aí: o progresso tecnologico fez com que o homem sentisse falta de certos prazeres, como o simples fato de ter um tempo ocioso, coisa que ele, como trabalhador de fábrica que tinha de ser incansável e imparável, não tinha. Quando vê a mocinha que fugiu da adoção roubar um pão para comer, decide se entregar no seu lugar. Seu plano vai por água abaixo quando uma senhora testemunha que o assalto foi feito pela mocinha. Depois disso, apenas confusão: cria-se, entre os dois, uma bela amizade, que não se converte em comida, e os dois caem na real e entendem que precisam trabalhar. Ele arruma emprego numa fábrica, mas logo há outra greve e é preso por, acidentalmente, acertar uma pedra na cabeça de um policial. Mais à frente, a mocinha arruma emprego de dançarina em um salão de música e o emprega como garçom. Obviamente, deu tudo errado e lá vão os dois, caindo na estrada, procurando mais confusões.

Tempos Modernos é um filme que dá para ser visto de muitas formas: é ironico, é belo, é inteligente, é leve, é didático. Chaplin nos mostra, neste filme, o que um gênio faz do substantivo 'entretenimento'. Tempos Modernos, em qualquer época (seja ela moderna ou não), é uma bela pedida. Um retrato muito bem feito de como as pessoas já sofreram mais contra o lucro desenfreado e sem pensar nas pessoas.



- Semana que vem provavelmente posto uma resenha sobre 'Tudo Sobre Minha Mãe', Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e Globo de Ouro de Melhor Filme em 1999, de Pedro Almodóvar (mais um monstro!)

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Constatação

''Me encanta esse seu jeito, não tem como, reconheço. Se sou causa, você é efeito, e sou suspeito, pois te amo, e prometo sempre estar com você, te levar aqui no peito, tu me encanta, me fascina, seu jeitinho todo meigo, sua carinha de menina, se aproxima da perfeição, já te dei todo o meu coração, e você me dá a paz, só felicidade me traz, faz com que eu me aproxime do céu, pra vivermos pra sempre, e depois do sempre, juntos, nos amando, lábios doces e que me lembra mel, pra sempre seu, pra sempre minha, sou acusação, sou seu réu, dona das minhas vontades, Isabel.''

;)

sexta-feira, 9 de abril de 2010

Corriqueirismo contemporâneo uma ova

A vida é cheia de folclores, e lá vou eu contar mais um. É uma história que é estória, mas sabemos que essa estória é uma história, em algum lugar.
Havia, um tempo atrás, um moleque espevitado, endiabrado, o famoso 'capeta': o Helder. O Helder era o tipo de guri que ninguém queria nem a prestações, o jovem era tenso, mesmo! Não era de dar sossego pra qualquer pessoa que fosse, seja familiar, professor ou padre, ou qualquer outro tipo de pessoa.
O Helder estudava na sala do Thiago. Aah, o Thiago... o Thiago tinha um óculos fundo de garrafa que denunciava o tipo de gente que ele era: cêdêéfe. Era um coitado. Na época em que as crianças ainda estavam começando a pensar em sair, ficar acordado até mais tarde, meio que um prenúncio de que a pré-adolescência estava às portas, o Thiago, que além de ter óculos fundo de garrafa e ser cêdêéfe, começou a pipocar de espinhas. Quem já teve essa fase sabe quão horrível e triste pra vida de um rapaz isso é. Ainda mais com o Thiago, que era a imagem de como uma garoto não deveria ser pra se dar bem com as garotas.
Garotas. E não é que o Thiago era apaixonado pela garota mais linda da sala, a Gabi? Mais linda, não, né? Mais bonitinha, mais cuti-cuti, mais gracinha da sala. E o Thiago, o do óculos fundo de garrafa e cêdêéfe e espinhudo, era apaixonadíssimo por ela. Perdidamente apaixonado, era até engraçado ver como seus olhos saíam de foco por debaixo dos óculos fundo de garrafa toda a vez que ela ia na frente da sala, recitar poeminhas, falar sobre Ciências, sobre Bonaparte, Dom Pedro, algarismos romanos, tudo, tudo, tudo. E o Thiago apenas contemplava, apenas babava.
E então, o cêdêéfe começou a escrever pequenas trovinhas para a Gabriela, e num desses dias de desatenção total à aula, preso a seu mundinho que girava em torno de sua amada, estava ele escrevendo algo como: ''Gabriela, minha flor/Te dou todo meu amor/Sem você, apenas dor/Com você, apenas '' - e ele nunca conseguiu terminar o poeminha, porque o Helder pegou a folhinha para ler e viu que, acima do poeminha, tinha uma pergunta escrita assim: ''Gabriela, você gosta de MIM? SIM ou não?'' O Helder leu e fez questão de mostrar pra sala toda o sentimento do Thiago, que caiu um desgraça na sala, foi alvo das maiores piadas possíveis, e a Gabriela gritou a plenos pulmões: ''EU?! Com o CÊDÊÉFE FEIOSO E MONSTRENGO? NUUUUUNCA!!!''
Coitado. Thiago mudou de escola, seu pai foi transferido para um lugar distante de sua cidade, e Helder e o resto da patota continuaram por lá. E o Helder foi crescendo, tomando jeito, fez curso técnico e mandou currículo pra uma fabriqueta que havia aberto poucos dias na cidade. Helder passou em quase todas as entrevistas, mas na última, perdeu pra um outro rapaz que tinha faculdade, inglês e espanhol e havia feito um ano de intercâmbio na África do Sul cuidando de pessoas portadoras do HIV. Nunca mais soube do Thiago, e se perguntarem ele nem sabe que conheceu.

O quê? Bom, o final é esse mesmo, não errei não! Isso é pra acabarmos com a idéia de que ''O nerd de hoje é o seu chefe de amanhã.'' O sol nasce pra todos, amigo. Viva e deixe viver, cada um com seus problemas.